Toti
Aconteceu que, do nada, mais precisamente 3 dias após o meu aniversário, eu acordei de repente sem saber quem eu era. E não foi pela troca de idade, não me envergonho nem tenho medo de ter 33 anos e ter uma sacola cheia de histórias para contar, mas foi que me dei conta que eu estava realmente vivendo um universo paralelo.
Ano passado fiz algumas metas para alcançar durante o ano de 2020 e vinha desde novembro de 2019 conseguindo atingir essas metas. Era academia, autocuidado, leituras e sono em dia, mas eu acordei naquele dia sem forças, me sentindo um lixo, percebendo repetições de comportamentos ao meu redor e vendo que a data do meu aniversário, embora eu tenha recebido muito amor, carinho e presentes, as pessoas que mais prezava, mais uma vez, pareciam que tinham intenção de me machucar fazendo um 'dia qualquer'.
Não é pela data, eu nunca dei atenção a isso, mas sempre é um dia que recebo carinho em excesso, menos de onde espero. E essa situação é cíclica, já vivi tantas vezes que não sei porque insisto em sentir. Mas é a partir disso que preciso filtrar novamente as pessoas ao meu redor e me afastar.
E foi assim que percebi que a pessoa que menos estava me dando atenção era eu mesma. Cadê as mascaras de hidratação no rosto? Onde estavam os treinos físicos? Por que eu estava lendo conteúdos que não me motivavam? E meu sono, esse sim virou bagunça.
Tive que me olhar e eu me senti muito sozinha. Ser só durante uma pandemia tem muitas influências psicológicas e não sou eu quem diz isso, são as pesquisas mesmo. Eu sou uma estatística, estava entrando novamente em depressão e indo, cada vez mais fundo. E eu bem sei que no fundo do poço tem um alçapão. A descida não para.
Pois bem, eu consegui identificar que a falta comigo não era algo normal. Agora, sabendo onde eu estava indo, tô fazendo de tudo pra não cair, eu não quero mais estar onde eu já estive, era tudo cinza e sem vida e não sou pessoa que goste da vida assim, não sou apegada à tristeza porque meu maior motivador na vida é o riso. Eu amo rir, fazer rir.
Só agora, 10 dias depois que eu to realmente voltando a me reconhecer, tem sido bem penoso eu ter que brigar comigo mesma pra fazer as tarefas que me propus comigo mesma. Tem momentos que me pego negociando com meu cérebro e não existe sabotagem maior.
Minha sorte é já me conhecer o suficiente pra saber dos meus sentimentos, o que não é mais lugar comum, o que é estranho e, pra minha sorte, estar pra baixo não faz parte das minhas normalidades. Eu consegui identificar cedo até porque tenho feito sessões de uma terapia alternativa e, embora não me dei conta em tempo de evitar perdas, agora estou conseguindo me ajudar. Logicamente porque eu já passei por tudo isso um dia, tive que me socorrer de médicos, de amigos, de família, do cachorro porque depressão é coisa séria, é doença e deve ser tratada com seu devido respeito, com muita terapia. E respeitar o seu tempo também é importante.
Por ironia do destino, o que me ajudou foi eu ter provas da minha pós graduação. Em outros tempos eu estaria surtando, agora só estava agradecendo por ter algo a mais pra pensar. E cada dia que não procrastinei os estudos, eu me sentia motivada. E da motivação, das 10 provas, tirei 10 em sete delas. E agora ao TCC que já está bem adiantado do que imaginei.
Precisei acordar pra minha vida e que sorte a minha ter conseguido. Sei que ainda não estou exatamente pronta para viver meus dias no meu "ano novo" de 33, mas to quase lá. Aprendi a andar na chuva das minhas próprias tempestades.
E sobre medicamentos, DESSA VEZ, não achei necessário porque estou conseguindo cumprir minhas metas, fazendo exercícios terapêuticos diários e todos meus monstros interiores estão sendo exorcizados, mas eu me observo.
É todo um trabalho de amor-próprio que sempre foi tão distante de mim, mas estou feliz em me priorizar. Tem bagunças dentro da gente que valem a pena, dói mas a gente aprende e se aprende não é pra doer mais um dia.
Sei que setembro está chegando e sei que vou ver tantas postagens sobre o "setembro amarelo" e sobre prevenção ao suicídio, muitos de forma hipócrita porque o amiguinho ali do lado não escolhe tirar sua vida somente em setembro. Saibam que um suicida nunca quer tirar a vida, ele quer matar a dor e essa dor das muitas vezes que eles não conseguem expressar. E o suicídio é silencioso.
Uma pessoa com depressão nem sempre dá sinais. E às vezes só quer um socorro, um abraço caloroso, ser ouvido com empatia. Sabem, eu acho que eu até pedi socorro inconscientemente nessa última vez mas, eu mesma me socorri. Sem culpas porque todo mundo tá vivendo uma odisseia dentro de seus lares com essa pandemia, mas eu sei que de tudo que senti, de tudo que passei, eu to me sentindo um tanto mais forte.
Eu mais uma vez: VENCI.
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