Toti

 


            Estava lendo há um mês um texto aleatório que estava em algum perfil de facebook sobre as resoluções de ano novo. Que tão importante quanto fazê-las é encerrar os ciclos. Do estilo “para o novo vir o velho tem que ir”. Isso me fez refletir bastante.

            No final de julho deste 2020 eu me encontrava no fundo o poço, um lugar que já havia conhecido antes, só que de alguma forma, dessa vez doía mais. Eu pensava por tudo que já passei e não aceitava sentir a dor. Não queria vivenciar a dor, a raiva e a tristeza que eu sentia porque para mim era sem sentido depois de tanta coisa que já passei.

            Até que a terapia veio bater em minha porta (quase literalmente) e eu fui tentar me ajudar antes de puxar o alçapão que havia no fundo desse poço. E desde então eu estou uma verdadeira metamorfose ambulante. Tive dias bons mas dias muito ruins e doloridos a partir disso.

            E tudo, principalmente, porque eu via coisas se repetindo na minha vida de uma forma assustadora. Eu achava que estava enlouquecendo, comecei novamente a ter crises de ansiedade, choro sem motivos, achar que ia morrer. Nada estava fácil em nenhuma área da minha vida. Eu tive que fazer uma busca interna de onde as coisas me doíam, ardiam, sangravam. E depois de achar, ter que ressignificar. Eu tive que junto a isso cuidar do meu corpo que estava me deixando mau humorada com tantas dores (tenho fibromialgia e, pra quem não sabe, é doença incapacitante passível de receber auxílio-doença pelo INSS e ficar “encostado”/sem trabalhar).

Mas em meio a uma pandemia eu não me dei ao direito de achar que estava doente e, depois do pior aniversário da minha vida, eu tive que tomar a decisão de ser alguém melhor pra mim e fazer com que esses padrões assustadores e repetitivos parassem de acontecer.

Ninguém me contou mas eu descobrir que evoluir, dói. E as coisas na minha vida não se tornaram melhores ou mais fáceis a partir da minha decisão. Muito pelo contrário, os problemas seguiram acontecendo, seguiram me batendo. Comecei a ler mais sobre tudo que eu vinha sentido. Google foi meu melhor amigo sobre ‘soluções’. Por que eu tinha entendido que não adiantava focar no problema e sim, na solução. Foi o que fiz.

Desde meu aniversário até hoje se passaram pouco mais de quatro meses e quando eu paro para me analisar eu falo “PQP, COMO EU MUDEI!”. As percepções, os valores, as ideias e os ideais, meu propósito de vida, meus problemas com a autoimagem. Tudo, absolutamente tudo tem um novo significado pra mim.

Faz apenas 3 dias que comecei a sentir o meu coração mais leve. Tô me sentindo muito uma fênix saindo das cinzas (risos). Mas hoje tomei a decisão de recomeçar a minha vida, com a grande vantagem que eu lembro de cada passo que dei errado, então eu posso escrever um novo capítulo, mudar o meio e o fim. E quando penso nisso meu coração palpita, me sinto viva como nunca antes. E me orgulho de cada cicatriz porque elas gritam pra mim, dizendo que eu sobrevivi.

Sei que pensar assim não vai fazer mágica porque eu vou continuar aprendendo (espero), evoluindo, buscando meu melhor, errando, chorando e enfim, vivenciando o que a vida oferecer, mas sei que não preciso mais repetir coisas que acreditei desde criança, que também terei novas chances. Me apego a isso. Acalmar o coração e a mente (agradeço à meditação que tenho tentado aprender ao longo desses 4 meses) faz com que a visão fique mais clara e eu não sofra com a ansiedade – que também faz mais de quatro meses que não tenho crises – nem com todo medo que eu tinha em mim e a pressão que me colocava sobre fazer as coisas darem certo.

Tenho me moldado todo santo dia, feito muito para me sentir bem e mesmo assim nem sempre é suficiente, mas as coisas estão melhores e eu mais em paz (e a melhor sensação do mundo é a de paz), então eu realmente acredito que as coisas estão dando certo.

Enfim, hoje eu decidi escrever um novo capítulo sobre a minha vida. Talvez isso seja literal. Quem sabe, né? 😉

 

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