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Toti

Eu não quero mais falar sobre o ano que passou. Se fosse possível, eu seria apoiadora dos que dizem que foi um surto coletivo e nunca existiu.

Então, bora lá porque é pra frente que se anda. Eu gostei demais do meu “reveião” porque eu pude comemorar com os meus. Faltou um lugar e isso doeu, sim. A vó Nadir ocupa um espaço indizível no peito e certamente essa ausência foi sentida mas eu sei que muitas e muitas famílias (posso dizer: milhares) também tiveram um ou até mais lugares vazios à suas mesas. Também milhares de ausências foram sentidas.

Mas em meu coração eu tenho que minha vó está muito bem porque a alegria que ela transmitiu aqui na Terra certamente tem algum valor e, aliás, eu quero muito esse legado, enquanto eu puder transmitir alegria minha vida estará valendo a pena.

E nessa alegria, eu sendo eu, comprei um “S” no lugar do “2” pra completar o “2021” em balões metálicos e assim fizemos a virada para um ano imaginário. A gente na piada interna já chama de “20z1”. E que seja porque hoje o tempo me interessa pouco, o que me interessa é o instante AGORA.

Da antiga eu sem as minhas curas, fui uma pessoa extremamente ansiosa. Ansiedade como doença mesmo, tendo que ser tratada por 16 anos. Ainda cuido para ela não mais exercer poderes sobre mim mas atualmente eu vivo apenas o momento e todas as emoções que ele pode me trazer. E só. (obs.: cuidar os atos por impulso).

Hoje eu vivo neste ano imaginário onde acredito em dias melhores. Não pela minha fé sobre a vida, mas porque eu tendo a ser otimista nos meus processos de amadurecimento e ressignificação, afinal, o propósito é eu ser alguém melhor pra mim mesma e, consequentemente, para a humanidade (que às vezes acho que nem merece *risos*). Se eu não for otimista, não vejo motivos para tentar e, assim, eu sei que vou ficar nesse mesmo ciclo de reclamações e comodismo e se tem algo que eu não sou é acomodada (reclamona, um tanto, mas já falei que to tentando melhorar, né?).

Eu fiz poucas metas pra 20z1 porque eu precisei muito mais encerrar ciclos do que reiniciar algo em minha vida. E encerramentos doem, mudanças machucam, porém, eu fiz o que eu precisava fazer, não importa o quanto ardesse. E não há mertiolate para o que dói dentro do peito. Mas que doa agora para não doer nunca mais, foi esse meu mantra. Em 20z1 eu posso COMEÇAR. Meu ano imaginário eu posso criar o que quiser, buscar o que quiser e entender a felicidade ao meu modo.

E o mais legal disso tudo é que nesse momento eu sinto meu coração pulando em meu peito. Ah, vida: Muito obrigada!



Toti

 

São sete dias de ausência. Queria poder dizer tanta coisa agora, mas meu peito está vazio e ainda estou usando os dias para assimilar a saudade. Foram tantas mensagens dizendo que vão lembrar da alegria que a vó sempre foi. Como disse minha prima: minha vó era casa cheia.

Era mesmo. E é tão difícil falar esse "era" ainda. Não é a toa que agora a ausência é um silêncio enorme em minha vida.

Eu não consegui fazer uma despedida real. Última vez que a vi, eu estava com máscara e meu último beijo foi sob essa máscara. E por muitas noites desde esse momento eu fiquei me questionando se seria o nosso adeus. E foi.

Por outras tantas noites eu ainda vou lembrar das coisas boas tentando que passe por cima da saudade. Por tantas vezes vou escutar "la barca" e chorar porque era a música que ela sempre cantava mesmo sem saber a letra. Todos os "lalari larara'' que eu ouvia nessa música quando a vó cantava eu consigo hoje transformar em poesia dentro de mim. Todo choro vai ser de saudade. Mas todo momento de saudade é por tamanha gratidão de ter sido neta de uma pessoa tão especial e amada. E que espero que sinta esse amor onde quer que esteja.

Simplesmente não vou conseguir me estender nas palavras mesmo tendo muito o que falar. Porque dói. E porque eu ainda não consigo acreditar e vivenciar que essa é a realidade a partir de agora. Eu sempre morei longe, sempre fui distante mas sabem, ausente eu nunca fui. E agora eu não tenho alternativa.

PS.: Esse texto ainda é sobre amor. 

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Toti

Eu nunca me considerei uma pessoa nostálgica, porém, isso tem sido um assunto bem recorrente nos meus últimos meses. Talvez por estarmos em meio a uma pandemia, onde eu mesma sinto a falta de abraços sinceros e olhos nos olhos durante as conversas mas, convenhamos, é algo realmente atípico.
Essa semana estava conversando com uma amiga de infância que disse estar com saudades das nossas conversas e dos bilhetinhos que trocávamos durante as aulas. Lembrei, ri, falamos que a época era boa, não existiam boletos nossos, nossa maior preocupação era não perder o capítulo de Chiquititas e aprender as coreografias. Concordamos que foi um tempo muito bom, mas ela falou: que vontade de voltar nesse tempo.
E eu? Eu não!
E vejam, já martelei aqui que embora eu tenha alguns traumas, eu fui uma criança e uma adolescente  feliz. Eu sou um bingo de privilégios. 
Minha primeira crise de ansiedade foi aos 17 anos e lembro que eu só conseguia chorar e chorar. Fui ao médico e simplesmente entrei em desespero porque tinha esquecido a carteira do plano de saúde em casa. Na hora eu pensei que nunca mais ia parar de chorar. Era sem sentido para quem via. Era sem sentido pra mim também, mas aquilo me doía o suficiente para eu chorar sem parar. 
Num pensamento pessimista, essa ansiedade furtou quase 16 anos da minha vida porque minha última crise de ansiedade foi há 4 dias, agora com quase 33 anos e tudo que vivi nesses 16 anos não foram suficientemente bons para eu ter saudade. Mas eu mesma não sou negativa a este ponto. Olhei meu facebook, em álbuns que nem deixo aberto, é só pra armazenar fotos, e eu vivi muita coisa divertida, engraçada, fiz muitos amigos e fiz uma história divertida pra contar pra quem quer que seja.
Talvez eu tenha sido ansiosa por muito tempo que não consigo mais olhar para o meu passado com carinho por estar habituada a sofrer com o excesso do futuro. Não é um bom hábito para se adquirir, sabemos. E também porque muitas e a maioria das pessoas que estão nas minhas lembranças já não estejam mais na minha vida de algum modo, então, lembrar sozinha fica sem graça em alguns momentos porque lembro de como eu acreditava que as coisas eram boas, acreditava nas pessoas e que nada disso mais faz parte de mim, como se eu fosse um brinquedo que se quebrou. Parece triste, mas na verdade eu vejo as pessoas que ainda tenho na vida e eu prefiro estar com elas agora, vivendo novas situações e lembrar juntos de histórias. Eu me vejo sendo muito melhor companhia hoje que antes e é isso. 
De 16 anos pra cá a ansiedade, antes disso a adolescência onde eu tinha vergonha de usar regata para não mostrar meus braços, o não querer sair nos rolês de família ou com amigos porque eu teria que me arrumar e nenhuma roupa que eu tinha eu realmente gostava porque era roupa de "gente gorda". E é isso que me faz não querer voltar no tempo também.
Lembro que em 2009 meus colegas estavam ansiosos, extremamente ansiosos, para a nossa formatura. Eu? Eu estava desesperadamente ansiosa para o dia pós formatura, onde tudo já teria passado, onde eu teria que começar a estudar para a prova da OAB que eu acabo lembrando mais da minha formatura pelas fotografias e pelo que meus amigos e colegas contam quando conversamos do que por eu ter vivido aquele momento. 
Vocês sabem o que é assistir a própria vida passar diante dos olhos? Eu estava lá, eu fiz a história mas minha cabeça não. Eu tenho sentimentos pelos dias que vivi, mas minha guerra interna não quer viver novamente os conflitos.
Existe um coração trincado partido ao meio
Existem meios e existem fins
Há demônios em mim cantando
Em coro alegre
De ontem em diante (obrigada pela frase, Anitelli) eu acho que comecei a ter nova visão das coisas depois de uma sessão terapêutica bastante esclarecedora (aliás, façam terapia!) que eu sei que não poderei mais ser a mesma pessoa depois disso tudo.
Se me assusta? Sim!  Mas eu to em busca de viver minhas experiências, de estar com minha cabeça no hoje, de nunca mais sentir falta de ar, aperto no peito, a língua amortecida, achar que vou morrer sozinha. Eu já busquei inúmeros tipos de ajuda pra parar de alimentar meus monstrinhos internos que se alimentam da tristeza. E a nostalgia me leva à tristeza.
Busco viver de um modo que meu passado não doa pra eu poder visitar de forma leve. Quero me livrar das culpas que carrego pelas escolhas que fiz. E isso vai levar um tempo, porém, nesse mesmo tempo eu quero apreciar o meu caminho e em algum momento conseguir sentir novamente minha respiração e meu coração batendo no peito. E vejam: eu acho que estou indo bem!

Toti

Desde a adolescência eu sonhei em morar só. Primeiro porque queria fazer faculdade em outra cidade e depois porque nunca sonhei em casar e essas coisas todas. Já falei algumas vezes de que quando pensava no meu futuro sempre via a imagem de uma janela enorme, eu sentada perto dela olhando pra fora com um livro sobre o peito e um cachorro aos meus pés. É minha imagem de paz, é minha imagem de fuga quando a ansiedade aperta.
Quando eu realmente fui morar sozinha aos 24 anos, em maio de 2012, eu nem sequer pensei que estava realizando meu sonho. Eu tava muito mais focada em sair da cidade onde morava e trabalhar. Me dei conta que morava sozinha muito tempo depois, quando numa crise de labirintite não sabia a quem pedir socorro. Mesmo assim acho que só de um ano pra cá consigo ter ideia do quanto essa vida é maravilhosa e ao mesmo tempo assustadora.
Eu tive que aprender muito sobre conviver comigo mesma. Sempre gostei da solidão mas nunca vivi ela efetivamente porque tenho muitos amigos e minha família sempre foi bastante presente. 
Quando a solidão me bateu realmente eu já estava longe de tudo e todos, eu chorei algumas vezes, não por arrependimento mas por me sentir perdida, de perceber que eu não sabia ser boa comigo mesma, que eu precisava de diálogos, de risadas e de troca de energias. Foi quando percebi também que não poderia mais ter o  cachorro sob meus pés porque minha vida seguiu um rumo totalmente diferente e o cachorro me escapou por entre os dedos. Me senti incapaz de cuidar de mim mesma, senti que havia fracassado, foi bem ruim. Foi.
Mas eu conheci uma coisa chamada resiliência e eu não podia estar tão entregue assim porque aparentemente a vida tinha/tem planos pra mim, eu não morri quando cheguei perto da morte, então eu acreditei que ganhei uma nova chance e poderia fazer novos planos. Decidi por começar a aprender a conviver comigo, a não me maltratar tanto, a não exigir tanto de mim. Confesso que ainda não cheguei onde quero, mas já consigo apreciar minha própria companhia sem doer.
Estar constantemente só é dolorido, sabe?Foi uma decisão minha? Lógico, foi. Faria tudo novamente. Mas não quer dizer que sempre é bom. Eu sinto falta de abraços enquanto as pessoas que estão mais próximas de mim estão abraçando e convivendo com outras pessoas. Estar só não quer dizer que queremos estar sempre a sós. Hoje eu consigo ficar feliz quando chega sexta-feira, eu abro um vinho e danço comigo mesma na sala, mas é bem solitário acordar no domingo e não poder ir até a casa dos meus pais comer o churrasco em família porque eles estão à 550km de mim. E também é solitário quando vejo que todos meus convivas estão se reunindo com seus familiares enquanto eu decido se almoço uma tapioca ou faço comida em pleno domingo.
Entendam que isso não é triste mas faz com que a gente valorize muito mais quem chama a gente pra perto. Eu fico muito feliz quando recebo um convite do tipo 'quer almoçar com minha família?'. Valorizo também quem quer se manter por perto, quem se convida pra estar comigo, quem move o mundo pra vir me dar um abraço. Por que eu mesma não sei como não interferir na vida das pessoas, eu não quero forçar minha presença na vida de ninguém por sentir carência de convívio. A carência deixa a gente um tanto burros.
Acredito que a parte mais difícil de morar só é quando ficamos doentes. Ou quando pessoas, tipo eu, tem crises de ansiedade. Essa parte é a que me referi antes em ser assustadora porque a gente acha que tá tendo um AVC ou um infarto e vamos morrer sozinhos, sabe-se lá quando vão descobrir meu corpo já sem vida. Parece dramático, né? Mas são coisas que passam na cabeça de quem está tão longe de todos, ainda mais em meio a uma pandemia onde os contatos ficaram ainda mais difíceis e a presença física basicamente nula.
Eu gosto de estar só mas não gosto de ser só.
Acredito que quem mais sofre com isso tudo são meus pais porque sabem que qualquer coisa que aconteça comigo eles estão muito longe pra me socorrer mas eu também não posso deixar que esse sentimento tome conta deles porque apesar dos pesares, eu to muito feliz onde estou.
Eu estou onde sempre sonhei estar. Tenho buscado melhorar minhas condições de vida, tenho buscado melhorar muitas coisas, minha cabeça - por sorte - já não é a mesma de quando eu tinha 24 anos. Hoje tenho mais noção dos perigos e da realidade e sobre tudo que de fato pode me acontecer mas também que não é esse o pensamento que carrego. Apesar da noção eu também sinto que estou onde realmente deveria estar, amo minha casa, meu canto, minhas verdades e meu dia-a-dia. Eu gosto de poder dançar comigo mesma e com a taça de vinho. Minhas pedras nos rins vão doer quando quiserem passar independentemente do lugar do mundo que eu esteja e eu já tenho meus kits de primeiros socorros pra quando elas doerem. Eu consigo reconhecer minhas crises de ansiedade, o que me ajuda muito a fazer com que ela cesse. Eu tenho antigripal, antialérgico e anti-inflamatório ao lado da cama. E eu me sinto protegida sob meu teto.
Ou seja, eu tive que aprender com tudo isso. Realmente quando fui morar só eu não tinha nem noção da vida, embora eu já tivesse 24 anos eu tinha uma noção de realidade bem diferente, eu não tinha medo de nada, não sabia que a vida não vinha com para-quedas.
Morar só exige da gente, principalmente quando tu percebe que não pode contar muito com as pessoas e não porque elas não estão presentes mas porque tu também precisa ser adulto. Quando o chuveiro queimava, eu nunca precisei me preocupar com banhos frios porque sabia que no mesmo dia meu pai ia trocar a resistência ou o chuveiro. Hoje se eu não fizer nada sobre isso, vou tomar banho gelado. E é muito bom aprender a se virar. Eu já liguei pra minha mãe pra saber como se faz beterraba cozida, porque não sabia em que momento da vida eu descascava a beterraba, se antes ou depois de cozinhar. Eu já abri lata de milho com tesoura por não ter um abridor de latas.  Todo inverno eu brigo com os mofos que se formam nos meus móveis por morar num lugar extremamente úmido e que bate pouco sol nos dias frios. Mas sabem, é minha casa, é minha rotina, é minhas coisas. E tá tudo tão certinho sem maiores problemas na vida, que no fundo eu sou aquelas pessoas totalmente 'namastê/gratidão' em meio as reclamações.
Morar só ensina muito. Se você não faz comida, você não come. Se não come, adoece. Se adoece, é você por você mesma. E a gente aprende sempre da pior forma!
O fato é que tem dias que são bem difíceis mas é gratificante perceber que estou me tornando muito mais humana, empática e alguém melhor. Não troco minha vida por nenhuma outra, minhas cicatrizes estão aqui pra dizer que eu sobrevivi e tenho orgulho de cada uma delas.
Toti
As pessoas sonham.
Com carreira, com filhos, com viagens. 
Eu nunca tive muitas ambições, principalmente depois que entrei na faculdade porque eu nunca soube o que eu queria ser quando fosse adulta. Fiz faculdade de Direito mas nunca quis ser juíza, promotora, delegada, advogada, o que fosse.
Quando ainda na adolescência eu imaginava minha vida era sempre uma janela enorme, o frio, e um cachorro dormindo aos meus pés enquanto eu lia algum livro.Talvez fosse minha cena mais romântica sobre a vida e também o mais perto que cheguei de um sonho. É sempre a cena que volto a imaginar quando a ansiedade me ataca e eu preciso encontrar um lugar de paz.
Bom, eu tenho uma janela grande na minha sala. Não é enorme, não é que nem eu sonhava. Mas ela está ali e, inclusive, vou deixar anotado aqui que eu deixo entrar pouco sol, devo iluminar mais a casa.
Mas o que me faz escrever é o cachorro porque nesse sonho de adolescência ele já tinha nome, ele já tinha vida e eu consegui realizar. Meu Che que por algum motivo a vida fez com que a gente morasse separados, mas eu sempre soube que era ele. Eu amo cachorros e eu não sei se penso em ter mais no futuro, talvez eu me apaixone desesperadamente por algum e queira adotar, mas o Che... o Che foi feito pra mim, sob encomenda pro universo. Eu sei que foi.
E eu escrevo agora porque estou com saudades e eu acho que ele também está com saudades de mim. Então eu to sofrendo em dobro. E não, não me venham dizer que dono de pet não é mãe.O amor que sinto por este cachorro preto e branco é a coisa mais pura e sincera que consegui sentir na minha vida. Ele esteve  comigo nos dias que tomei minhas decisões mais difíceis e que mudaram minha vida - e a dele - pra sempre, e ver aquelas orelhas pretas em meio aos pelos brancos daquela fuça que tá sempre suja de terra é o que mais faz aquecer meu coração.
Eu optei em não ser mãe de humanos e dizem que não existe amor que se compare. Veja, eu não to querendo comparar nada e, muito menos, ofender alguém, principalmente uma mãe ou uma mulher que sonhou com a maternidade, seja de filho de sangue ou adotivo.
De tudo, eu só quero dizer que existe amor entre meu filho canino, mundo e eu. Ele me faz ver as coisas com mais leveza. Quando eu sento da escada e ele senta ao meu lado, ou aos meu pés,embaixo de mim, parece que eu não preciso de mais nada. Às vezes uma lágrima furtiva cai porque eu sei que terei que me despedir por uns meses, porque ele vai ficar longe e (ele fica maravilhosamente bem onde ele está) eu não vou ter que me encolher mais para dormir. E eu não vou todo dia acordar e dizer "bom dia, carniça" em pensamento, e ele me responder que tá com fome, que quer ração com mortadela, e que ele também não aguenta os passarinhos. 
É a "nossa coisa" de mãe e filho. E eu entendo quando falam que os filhos são criados para o mundo. Eu mesma levantei asas há quase 8 anos e não estou mais próxima aos meus pais e acho que é mais difícil pra eles do que pra mim mas... não digam que meu sentimento é pouco, que meu sentimento é falho, que meu sentimento não é o suficiente. 
O Che, ele não é só um cachorro. Pode ser pra vocês mas não pra mim porque eu sonhei com ele, eu quis ter ele na minha vida e a gente se reconheceu no primeiro momento em que estivemos juntos. Nossos cabelos são rebeldes, somos teimosos, somos sem-noção e fazemos os outros sorrirem. Respeitem, sabe? Eu amo um animal, eu amo um cachorro, eu amo. E acho que isso deveria ser suficiente.
Eu tenho a sorte dele estar tão bem, de mesmo que esporadicamente ainda poder vê-lo, brincar e exitar em dar banho (sim, eu detesto dar banho nele, embora seja um momento engraçado e fofinho).
Sem sombra de dúvidas ele foi a "coisa" mais legal que me aconteceu. Adotar um animal exige da gente, mas meu presentinho de grego foi basicamente o que encheu meus pulmões de vida nos meus últimos anos.
É amor, sabem? Me basta. 

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Toti
Eu tenho saudade.
Não vou propor baixo astral no último dia de 2019. O ano foi ruim em si, não contava que ele levaria também o coração dourado da mana que tinha os pelos mais macios do universo. Aqueles pelos eu acho que nunca mais vou encontrar iguais. Pode ser que exista, mas eles não terão o mesmo amor e a mesma ternura da Brida.
Ternura? Quem usa essa palavra em pleno 2019? Bom, eu! É a arte de  ter 32 anos e não conseguir palavra melhor pra descrever.
A Brida era especial por si só. Não só por esses pelos macios, os mais macios do universo, mas porque ela era engraçada, fofa e chata. Eu não consigo conceber que 2019 me aprontou essa de tirar ela de mim. Mas tirou. A gente sabe que a vida de cachorros são breves. Foram 13 anos apenas, bem vividos para ela, mas passou rápido demais para a gente.
Lembro do dia que a adotei, 3/04/2006. Ela tinha 23 dias e cabia na palma da minha mão. Foi assim que a trouxe pra casa. Mas eu não lembro quando foi a última vez que a vi.
Eu só não quero acabar 2019 sem deixar registrado que a Brida foi a coisinha mais macia que minhas mãos tocaram, que eu sinto saudade dos guinchos inacabáveis pedindo comida, de toda a chatice que ela era mas que me colocava um sorriso na cara.
Eu sempre tive cachorros. Acho que nasci no meio deles. Minhas lembranças mais remotas na vida são ao lado de cachorros e sempre são lembranças alegres. A parte chata de ser adulto é justamente entender essa brevidade, conviver com a saudade, viver de lembranças.
Por toda sorte do mundo eu tenho o Che que é minha alegria diária. Aliás, ele está aqui nos meus pés enquanto estou escrevendo e às vezes me questiono sobre as lembranças que ele tem da Brida. Eu não sei como funciona na cabeça dele.
Hoje é 31/12 e já estou com raiva porque alguns vizinhos já soltaram fogos. Che não gosta. Brida morria de medo, a Luva tinha pânico, Tofi mesma coisa... todo histórico de cachorros que tive entravam em pânico nessa data. Aqui em casa já fizemos de tudo pra aliviar o medo deles. Algumas horas atrás eu abracei o Che e ainda disse: a mãe protege. E fico pensando nesse bando de filho da puta (não to pedindo perdão pela expressão porque é o que são) que abandonam seus animais ou simplesmente os deixam sem qualquer amparo.
E aí eu volto a pensar que eu queria a chance de passar a mão nos pelos mais macios do universo nem que fosse por uma última vez.
Eu não quero lembrar de 2019 mas da minha Brida, eu nunca, em hipótese alguma eu vou esquecer.
Tenho saudade, mana.
Toti

Acordei emocionada mesmo. Todas essas lágrimas foram assim que abri os olhos, às 5h e um tantinho da manhã. Eu ainda demorei um pouco pra pegar  o celular, logicamente. Estava absorvendo as informações. Estava ainda  matando a saudade, pensando no abraço que não consegui dar e em todo o sentimento que me envolvia.
É uma saudade tão louca!!!
Não vou saber explicar para vocês mas é como se segundos antes meus avós paternos (-muito-
conhecidos como Marino e Angelina) estivessem ali, alguns centímetros de distância, com um cachorro no colo, rindo, eu tentava falar, lembro de ter dito algo sobre o Che. Eu não lembro de respostas, lembro de sorrisos. Eu não lembro de falas, lembro de sorrisos. Eu não lembro de nada, mas lembro de luz e sorrisos. e segundos depois eu estava acordada mas sequer lembro de estar dormindo. E eles não estavam mais ali. E uma saudade me preenchia. E eu chorava (como vocês podem ver). Mas não tem tristeza nenhuma.
É só uma saudade, mas assim, não é uma saudade vazia.
Meus avós estavam ali de um jeito que eu sequer os conheci em vida. Os cabelos estavam escuros e eu quando os conheci já eram grisalhos. Eu só posso dizer que eles estavam bem. Mais jovens e felizes. Eu não sei se tem alguma mensagem subliminar nisso tudo mas nem vou procurar.
Isso tudo me preencheu de uma forma tão linda, de um amor tão forte. Eu tô tão emocionada ainda, mesmo tendo boa parte do dia já passado, a lembrança dessa visita, ou desse sonho, ela ainda me preenche.
Eu não sei se vocês tiveram sorte de ter convivência com os avós de vocês e se os avós de vocês eram feito de açúcar como os meus. Nem se eram engraçados. Nem mesmo se eram bobos pelos netos.  Nem se a avó de vocês tinha as histórias mais hilárias e inacreditáveis do mundo. Nem se o avô de vocês ensinaram que animais eram melhores que muita gente. Nem se quando partiram desse mundo deixaram um vazio em suas vidas como os meus deixaram. Mas vê-los hoje, com um cachorro de roupinha embaixo dos braços (e que por acaso parecia muito a Brida) me fez ficar absorta em um universo paralelo. Eu to me recusando a acreditar que foi um sonho e não uma visita.
Eu acho que eu posso escrever um Aurélio de explicações e um Houaiss de informações mas em nenhuma hipótese eu conseguiria descrever a emoção que ainda to sentindo. Talvez eu traduza simplesmente com a palavra amor, mas ainda assim acho que fico devendo.

PS.: A edição do vídeo tá bem ruim, eu sei, além do amadorismo eu tava emocionada demais e ainda perdi uma parte. Mas... né? 
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